Os operários, de Tarsila do Amaral
Dia do Trabalhador
A história do dia do trabalhador começa em 1886, quando os trabalhadores de Chicago, Estados Unidos, organizaram uma greve em 1º de maio exigindo reduzir a carga horária de trabalho que, naquela época, chegava até 17 horas diárias.
Nesse mesmo dia, trabalhadores de vários pontos dos EUA realizaram uma greve geral no país, a chamada Revolta de Haymarket. Esta grande greve não fez com que a data fosse escolhida naquele momento como o dia mundial do trabalhador. Porém, três anos mais tarde, na França, a ideia foi apoiada pelo Congresso dos Trabalhadores de Paris e a data passou a ser lembrada como dia de lutas trabalhistas em escala internacional. A data foi se tornando feriado nacional em muitos países ano após ano no século XX.
A criação da data aponta para o fato de que houveram inúmeras reivindicações dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, especialmente depois da Segunda Revolução Industrial e do avanço do Sistema Capitalista. A partir da luta organizada, os direitos trabalhistas foram regulamentados em diversos países.
Dia do trabalhador no Brasil
Desde o início das comemorações do Dia dos trabalhadores, ainda no século XIX, o Brasil contava com manifestações trabalhistas em memória a essa data. Na década de 1910, o movimento operário no Brasil ganhou força sendo impulsionado pelos ideais socialistas, anarquistas e sindicalistas que por aqui chegaram. A greve, a paralisações e protestos passaram a ser práticas constantes no Primeiro de Maio brasileiro.
Apenas em 1924, buscando acalmar os desejos da população, o então presidente Artur Bernardes decretou feriado oficial. Tornou-se assim, um dia de descanso, mas sem dar fim às manifestações por ampliação de direitos.
O governo Vargas foi um marco importante para o avanço dos direitos trabalhistas, destaca-se o decreto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), anunciado 1 de maio de 1943, e que garantiu relações trabalhistas mais justos. Além das grandes comemorações festivas do dia dos trabalhadores tradicionais no período e consolidadas como tradição. Por outro lado, especialmente no período do Estado Novo, houve uma disputa de narrativas a respeito do sentido do primeiro de maio se por um lado Vargas ampliava direitos, também impedia a livre ação dos sindicatos, dos partidos de esquerda, dos protestos e greves, desmobilizando a massa trabalhadora.
Hoje em dia a luta trabalhista segue, e mais do que nunca desde as últimas décadas, ela se faz necessária no Brasil.
Quem foi Tarsila do Amaral?
Tarsila do Amaral foi um dos maiores nomes do movimento modernista brasileiro, com suas cores vibrantes tratou principalmente temáticas do Brasil, buscando elementos culturais e retratos de brasileiros. Após longos estudos no exterior com mestres das Vanguardas Europeias, Tarsila volta ao Brasil em 1922, logo após a Semana de Arte Moderna, logo se integrando ao movimento que justamente procurava retratar o Brasil, trazendo um discurso profundamente político-social e uma estética nova e ousada.
Em A Negra, Tarsila traz elegantemente para o centro da tela a figura de uma mulher negra, em um momento em que pessoas negras raramente eram modelos para retratos como protagonistas. No quadro Os Operários, pintado em 1933, traz a temática da industrialização dos grandes centros brasileiros e lembra dos personagens principais desse momento, que seriam os trabalhadores e trabalhadoras responsáveis por toda a produção industrial, mas que apenas começavam a ter direitos assegurados, após anos e anos de lutas e mobilização.
Em 1928 Tarsila pinta o famoso quadro Abaporu, seu título significa “homem que come gente” em tupi-guaraní e a partir desse conceito surge o Manifesto Antropofágico, escrito por Oswald de Andrade, e o movimento Antropofágico dentro do Modernismo brasileiro. A antropofagia seria toda a base da arte brasileira que ao receber as influências estrangeiras, devorava-as todas, assim como devorava todos os elementos culturais do próprio Brasil para transformar em um material novo, autenticamente Brasileiro.
A coleção da obra de Tarsila mostra que a artista foi uma grande antropofágica que deixou seu legado de mulher ousada e intelectual que buscou compreender e criar sua gente e sua terra.
A obra Os Operários (1933), de Tarsila do Amaral
O quadro Os Operários retrata o momento da industrialização dos grandes centros urbanos brasileiros, especialmente São Paulo,cidade onde surgiu o movimento Modernista e onde ocorreu a Semana de 22. Esta obra da fase chamada “Social” da pintora,foi realizada em um momento ímpar na vida de Tarsila. O ano de sua criação foi 1933, algum tempo após a Crise de 29 e a crise do café no brasil.
A família de Tarsila perdeu muitos bens e não podia mais pagar por seus estudos em pintura, com isso Tarsila começa um trabalho na Pinacoteca de São Paulo e vende alguns de seus quadros. Com a chegada da Era Vargas em 1930, Tarsila é demitida por sua orientação política ligada às esquerdas. Em 1931, viaja para a União Soviética e se aprofunda nos estudos do Socialismo e das causas sociais e políticas, vai em seguida para França onde trabalha como pintora de paredes em uma obra, tendo uma experiência como operária. De volta ao Brasil ela participa de reuniões do Partido Comunista e é presa por um mês. Nesse contexto é pintado a obra Os operários e essa temática voltaria a se manifestar em seus trabalhos em Segunda Classe entre outras que também giravam em torno de questões sociais.