Maio de 1968

Protestos que marcaram o mundo

Prensa Mínima
5 min readMay 16, 2020

O ano de 1968

1968: o ano em que a juventude de vários países se insurgiu reivindicando mais direitos civis e liberdades. EUA, México, Tchecoslováquia, Brasil e França, ao redor do mundo o ano de 1968 foi um período decisivo para história contemporânea. Nos EUA, foram marcantes os protestos do movimento negro em resposta ao assassinato de Martin Luther King Jr. No México, manifestações estudantis contra o governo terminaram no Massacre de Tlatelolco, onde as forças armadas assassinaram dezenas de pessoas na Praça das Três Culturas. Na Tchecoslováquia, a mobilização que levou a um socialismo amplamente democrático sofreu interferência da União Soviética, que ficou conhecida como a Primavera de Praga. Na França, Paris teve grandes revoltas de estudantes e operários que pararam a cidade durante o mês de maio, conhecido pela historiografia como Maio de 68. Os protestos franceses são marcantes desse ano, e tornaram famosas as inúmeras frases libertárias e rebeldes pixadas nos muros da cidade.

1968 por aqui, no Brasil, os protestos ocorreram contra a Ditadura Militar, destacando-se as manifestações contra a morte do estudante Edson Luís e a Passeata dos Cem Mil. Em dezembro, os ditadores instituíram o AI-5, suspendendo direitos civis e políticos, aumentando ainda mais repressão e a violência.

Paris, Maio de 68

A mobilização em maio de 68 na França eclodiu para reivindicar uma nova sociedade, diferente da industrial e produtivista do capitalismo, que tivesse baseada em formas menos rígidas de pensar e agir. Foi sobretudo um movimento onde se exerceu a liberdade, a espontaneidade e a criatividade entre estudantes e operários. Se reivindicava melhores condições aos operários e, também, toda a utopia de transformação da sociedade opressora por uma vida com mais liberdades e direitos civis. Em meio a ocupações de fábricas, de universidades, barricadas ocupando diversas ruas, manifestações e coquetéis molotov, via-se por toda parte espaços públicos de discussão, peças de teatro, música, leituras coletivas — tudo em acordo com os ideais revolucionários.

Do 1 de Maio, dia dos trabalhadores, até do final mês, viu-se as ruas sendo tomadas por aquilo que parecia ser a Nova Revolução Francesa. Entretanto, já nos últimos dias de maio, por uma lado o presidente Charles de Gaulle oferecia uma proposta de acordo com os operários com alguns benefícios e, por outro, ameaçava reprimir com mais violência os protestos caso não fossem finalizados. Aos poucos o movimento foi se dissipando, embora alguns núcleos de resistência tenham sobrevivido até a segunda quinzena de junho.

Brasil, 1968

No Brasil, o ano de 1968 também foi intenso e marcado por manifestações da juventude em busca da liberdade. Por aqui o inimigo era muito evidente: a Ditadura Militar se impunha contra todos os sonhos de libertação de um sistema socialmente injusto, opressor, produtivista, moralista e normatizador. Desse ano, destaca-se o protesto em razão da morte do estudante Edson Luís, que foi brutalmente assassinado nos porões militares. O período registrou uma série de manifestações estudantis e a enorme Passeata dos Cem Mil, que reuniu trabalhadores, estudantes e figuras da classe artística brasileira. Ao fim daquele ano o governo militar instaurou o Ato Institucional nº5, uma medida autoritária que ampliou o poder de reprimir, perseguir e perpetrar violência de todo tipo do Regime Militar; o AI-5 deu início aos chamados Anos de Chumbo.

Uma música desse período que marca o otimismo da classe artística em relação aos protestos é “apesar de você”, de Chico Buarque:

“Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Eu pergunto a você

Onde vai se esconder

Da enorme euforia

Como vai proibi

Quando o galo insistir

Em cantar

Água nova brotando

E a gente se amando

Sem parar”

Estampas PRENSA MÍNIMA

Com inspiração nos protestos de Maio de 68, a PRENSA MÍNIMA elaborou uma coleção de estampas para relembrar o ano em que a juventude de muitos países se mobilizou contra o autoritarismo e em defesa de uma sociedade mais justa.

Sejamos realistas, exijamos o impossível

“[O Maio de 1968] com toda a crítica ao mundo burocratizado e desencantado, colocou como lema a verdade triunfante do desejo: Sejamos realistas, exijamos o impossível. (…) Princípio de vida, eros, felicidade sensual e instintiva: 68 foi uma luta para a vida.” — Olgaria Matos, As barricadas do desejo.

Além da estampa SEJAMOS REALISTAS, EXIJAMOS O IMPOSSÍVEL, outra referência que aparece em nossa coleção é o filosofo Guy Debord.

Quem foi Guy Debord?

Autor de ‘A Sociedade do Espetáculo’, Guy Debord foi um dos pensadores que trouxeram na teoria as ideias que eclodiram nas manifestações de maio de 68 na França. Sua teoria aliava a luta por transformações políticas e sociais às artes, assim, as atividades lúdicas do Maio de 68 devem muito aos seus ideais.

Trecho de ‘A sociedade do espetáculo’

O espetáculo é o herdeiro de toda a fraqueza do projeto filosófico ocidental, que foi uma compreensão da atividade dominada pelas categorias do ver; assim como se baseia no incessante alargamento da racionalidade técnica precisa, proveniente deste pensamento. Ele não realiza a filosofia, ele filosofa a realidade. É a vida concreta de todos que se degradou em universo especulativo. — Guy Debord

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